Em 2023 o Brasil teve um PIB perto de U$D 2 trilhões, enquanto os Estados Unidos de aproximadamente U$D 26 trilhões. São quase 13 vezes mais do que o Brasil!
Para você ter noção do tamanho dessa diferença. O Brasil tem aproximadamente 5/100 do território terrestre, e população de mais ou menos 0.2 bilhões de pessoas. Para se igualar aos EUA precisaria ter uma área equivalente a 2/3 do mundo com uma população de 2.6 bilhões de pessoas. É brutal a diferença.
Não é atoa que os Estados Unidos tenham tamanha influência no mercado global, e por consequência, o nacional.
Este artigo examina os efeitos da recente alta da inflação nos EUA sobre a economia brasileira, focando na desvalorização do real, nas mudanças nas taxas de juros e nos investimentos estrangeiros.
As raízes da inflação nos EUA
A escalada da inflação nos Estados Unidos, atingindo um pico de 8,6% em junho de 2023, tem suas raízes em diversos fatores determinantes.
Impacto da Pandemia de COVID-19
Foi um acontecimento global desastroso. Tanto pela doença em si, quanto pela forma de lidar, ninguém sabia o que estava fazendo, nem a OMS, nem as autoridades dos países.
A pandemia de COVID-19 provocou disrupções econômicas significativas. Os “lockdowns” acabaram trazendo interrupções na cadeia de suprimentos e o aumento na demanda por bens e serviços contribuíram para a pressão inflacionária nos EUA.
As empresas enfrentaram dificuldades em atender à demanda crescente, resultando em escassez de produtos e aumento dos preços.
Pessoas deixando de trabalhar, empresas deixando de produzir e vender, outras deixando de comprar, dá para imaginar que isso daria problema.
Mudou-se o governo, mas fato que os impactos continuaram, e não sei se seriam menores ou maiores com o governo atual, mas fato é que trouxe consequências graves.
Guerra na Ucrânia
Os EUA acabou se envolvendo na guerra através da OTAN, que é uma força militar multinacional, e os Estados Unidos é o maior representante dela.
Colocar dinheiro em uma guerra não é barato, então além de uma crise financeira interna, financiou uma guerra outra do outro lado do mundo, isso desestabiliza as contas públicas.
Além desses impactos, o conflito na Ucrânia elevou os preços das commodities, como petróleo e gás natural, exercendo pressão adicional sobre a inflação nos Estados Unidos.
A demanda dos EUA pelo petróleo é bem alta, como a Rússia foi sancionada e não fornecia mais para Europa, os países do bloco Europeu acabaram recorrendo a outros mercados,como os Árabes, assim como os Estados Unidos, e isso elevou o preço do barril de petróleo.
Isso elevou os custos de energia e, consequentemente, afetando diversos setores econômicos.
Políticas Monetárias
Para tentar manter a economia rodando bem após a pandemia, e também o estímulo ao crédito, Federal Reserve (Fed) que é o Banco Central dos EUA, manteveram as taxas de juros baixas, artificialmente, por um período prolongado.
Acontece que o juros consegue de alguma fórmula controlar o aumento dos preços, pois se o juros sobem, menos pessoas terão condições de pagá-lo, você controla então a quantidade de dinheiro circulando, equilibrando a quantidade de compradores com a quantidade de venda.
Só que se você faz isso de forma não natural, ou com parâmetros econômicos errados, acaba pode deixar o acesso ao crédito fácil, as compras aumentam, mas aí não tem quem venda para todo mundo, então o próprio mercado se ver obrigado a reprecificar, porque já que tem tanta gente querendo comprar, teoricamente, ele poderia ganhar mais se aumentar os preço
Mas como a economia é uma cadeia, algum fornecedor desse vendedor também pensou em aumentar o preço, então o aumento de preço não é só para lucros, mas também para custear os processos de fazer ou vender um produto.
Em resumo, essa política monetária incentivou o consumo e os investimentos, mas também contribuiu para o aumento da inflação.
Com o crescimento da demanda superando a oferta, os preços subiram de forma significativa.
Acabou que alguns bancos até quebraram com a “correção” dos juros do FED, pois eles emprestaram o dinheiro menor do que a taxa básica de juros do país, ou seja, ao invés de ganhar dinheiro com o juros, como todo banco faz, eles estavam perdendo..
Taxas de juros nos EUA e seu impacto no brasil
Como anteriormente apresentado, o FED tentou manter o juros baixo, ao subi-lo para controlar a inflação interna do país, acabou repercutindo significativamente no Brasil e no mundo.
Muitos investidores do mundo inteiro, para proteger seus recursos e ter rendimentos perenes preferem a renda fixa, que pode ser, por exemplo, emprestar dinheiro ao governo, e seu rendimento será pelo menos o da taxa de juros no Banco Central (BC).
Agora pensa o seguinte, se a maior potência do mundo, que é também a mais confiável está com um juros maior estabelecido pelo seu BC, é natural o movimento dos investidores mais conservadores em tirar o dinheiro de suas aplicações e mandá-las para os EUA.
Só que ao fazer isso, temos alguns impactos e as implicações incluem:
Desvalorização do Real
O aumento das taxas de juros nos EUA torna os investimentos norte-americanos mais atrativos, podendo resultar em uma saída de capital do Brasil.
Investidores buscam retornos mais seguros e elevados, levando à desvalorização do real.
Essa desvalorização torna as importações mais caras e pode agravar a inflação interna.
Como o valor do dólar é em parte sobre a quantidade de dólares presentes no país, e os investidores tiram seus dólares e mandam para outro lugar, isso diminui a proporção do dólar em relação ao Real, aumentando o preço do dólar.
Aumento nas Taxas de Juros no Brasil
Lembra de que uma razão para se manter o dinheiro em um país é a taxa básica de juros estabelecida pelo Banco Central?
Pois então, para conter a evasão significativa do dólar do país, o Banco Central pode elevar a taxa de juros, a fim de tornar o país mais atrativo a esses investidores, ao invés de mandá-los para outro lugar.
Essa é uma medida que controla a inflação, e atrai alguns investimentos de renda fixa, mas não necessariamente aqueles que querem investir na indústria.
A alta do juros pode reduzir o consumo e os investimentos domésticos, freando o crescimento econômico, e assim o país não fica atrativo para quem quer investir no mercado, e o único lugar atrativo passa a ser os de renda fixa, só que renda fixa pode ser um investimento feito no governo, e governo não gera renda ou riqueza.
Resultado de tudo isso
O Brasil enfrenta uma situação complexa economicamente, para não falar difícil, vergonhosa e delicada, quase à beira da morte.
O dólar bateu nessa última semana do mês de junho de 2024 incríveis e inacreditáveis 5,70. O que acontece é que nossas taxas de juros já estão altas, e ainda assim os preços continuam a subir.
Sabemos que é essencial monitorar atentamente a inflação nos Estados Unidos para entender seu possível impacto na economia brasileira. Ajustes nas políticas monetárias e fiscais, tanto nos EUA quanto no Brasil, serão determinantes para o equilíbrio econômico global.
Mas isso não explica sozinho o desastre que o Brasil enfrenta. A arrecadação do governo bate o recorde mês após mês no ano de 2024, ou seja, imposto sobre imposto nas costas do cidadão, e ainda assim os cofres públicos estão mais negativos do que na época do Covid.
Se não bastasse, o sistema judiciário do Brasil não passa confiança aos investidores.
Soma tudo isso, e temos uma receita perfeita para o caos financeiro no Brasil, taxas de juros altas para tentar conter a inflação, e atrair investimentos para abaixar o dólar, o dólar não cai, porque mesmo que as taxas sejam boas, o Brasil não é atrativo, os preços continuam a subir, as pessoas compram menos, as empresas vendem menos, ninguém quer investir onde não dá dinheiro, o dinheiro vai para fora, e esse ciclo vive assim, de forma viciosa e infinita.